Workshop promove integração entre cidades brasileiras e especialistas de inovação do Reino Unido
Durante a semana, os representantes do Ministério das Cidades, Salvador, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Florianópolis, que participam da Missão Cidades Sustentáveis no Reino Unido, conheceram os atuais sistemas e os órgãos gestores do transporte em Londres. Já nesta quinta-feira (2), o grupo teve a oportunidade de fazer uma imersão no futuro da mobilidade britânica. A equipe do Future Cities Catapult (FCC) recebeu a delegação brasileira no Centro de Inovação Urbana para um workshop de troca de experiências.
A FCC, parceira do WRI Brasil | EMBARQ Brasil na missão técnica, é um dos sete centros de excelência e inovação estabelecidos pelo governo do Reino Unido. Tem criado uma extensa rede de inovadores urbanos ligados a universidades, poder público e setor privado para desenvolver projetos ambientalmente conscientes e úteis para um progresso sustentável dos centros urbanos. O trabalho já está em andamento em Londres, Milton Keynes e Manchester.
“Não é fácil, mas a catapulta existe para isso: conectar governo, academia, empresas e oportunidades para transformar o futuro das nossas cidades”, explica Peter Madden, CEO da Future Cities Catapult que saudou o grupo de especialistas brasileiros ao lado de Joanna Crellin, Cônsul-Geral Britânica de São Paulo. "É realmente muito bom e gratificante ter todas estas cidades brasileiras aqui, com o auxílio importante da EMBARQ e do World Resources Institute. Vocês estão fazendo um bom trabalho e devem continuar para ajudar a transformar a realidade local”, agradece a cônsul.
Joanna Crellin e Petter Madden durante workshop. (Foto: Maria Fernanda Cavalcanti / WRI Brasil | EMBARQ Brasil)
A Londres que sente e faz sentir
Adam Rae, Cientista de Dados da FCC, apresentou um dos principais projetos desenvolvidos, o Sensing London. Foram instalados diversos sensores em locais estratégicos da cidade como Hyde Park, Brixton, Enfield, Elephant and Castle e Tower Bridge. Os aparelhos medem a poluição e a atividade humana nos locais e enviam estes dados por tecnologia 3G para uma central. Com a informação processada, os cientistas traduzem como pessoas e cidade estão interagindo e o impacto dessa relação para o bem-estar e o meio ambiente.
Outro projeto pioneiro criado pela catapulta de inovação é o Cities Unlocked, apresentado por Claire Mookerjee, Líder de Projetos em Urbanismo da FCC. Em um esforço conjunto com a Microsoft e a Guide Dogs, foi criado um aparelho que auxilia na mobilidade de pessoas com deficiência visual. O objetivo é dar autonomia e confiança para as pessoas se deslocarem pela cidade, abrindo novos caminhos para aqueles que mais precisam de ajuda.
Claire Mookerjee explica conceito do projeto que auxilia pessoas cegas a se deslocarem sozinhas pela cidade. (Foto: Maria Fernanda Cavalcanti / WRI Brasil | EMBARQ Brasil)
O aparelho fica próximo ao ouvido e mapeia o ambiente. Ele fornece informações em tempo real sobre as paradas e linhas do transporte público e avisa quando a pessoa deve descer para chegar a seu destino. “É um aparelho interativo. Possui um botão para que a própria pessoa com perda visual possa controla-lo e usar as informações conforme a convém”, explica Mookerje.
A especialista lembra que um bom desenho urbano deve prever espaços que incluem a todos a partir da escala humana, levando-se em conta os diferentes tipos de idade e agilidade. Por isso o método UX ou User Experience (experiência do usuário) deve ser executado sempre que possível, especialmente em projetos de acessibilidade e mobilidade. Baixe o relatório do Cities Unlocked aqui.
O desafio da mobilidade em Milton Keynes
Diferentemente da capital britânica que conta com um complexo sistema e alta demanda de transporte coletivo, a cidade de Milton Keynes tem sua mobilidade centrada no automóvel – 44% da população se desloca por carro. De acordo com Anja Maerz, Insights Expert da FCC, este é o maior desafio que a cidade deve encarar nos próximos anos.
Para isso, a agência de inovação de Milton Keynes, a MK:Smart, desenvolveu um estudo holístico com entrevistas e pesquisas junto a moradores, análise de dados de deslocamento e estudo de casos de sucesso para descobrir alternativas mais sustentáveis, como a caminhada, o uso de bicicletas e do transporte coletivo.
A partir do levantamento, foram indicadas ações aos governantes como a inclusão de um bilhete único de transporte e o encarecimento da oferta de estacionamento.
Delegação brasileira durante apresentação desta tarde. (Foto: Maria Fernanda Cavalcanti / WRI Brasil | EMBARQ Brasil)
Região Metropolitana de Manchester mais conectada para o futuro
À medida que as cidades se desenvolvem, suas divisas se confundem com a dos municípios vizinhos e a complexidade urbana aumenta. Na região de Manchester, no noroeste da Inglaterra, não foi diferente. 10 municípios compõem a RM com 2,5 milhões de habitantes e para fomentar o progresso inteligente, a Future Cities Catapult, ao lado dos gestores municipais e da população, desenvolveu o Programa de Sincronização de Dados, apresentado ao grupo da Missão Brasil | Reino Unido por Matthew Fox, Gerente de Projetos da FCC.
O programa propôs a criação de um banco único de dados (www.gmdsp.org.uk) a partir do qual programadores e população em geral foram convidados a usar para encontrar soluções sustentáveis para suas cidades. Os dados recolhidos envolvem habitação, estacionamentos, reciclagem, voluntariado, mobilidade, entre outros. Além do Hackathon, foram realizados diversos encontros com os municípios para discutir como cada um poderia contribuir, assim como treinamentos para traduzir os dados.
O resultado foi a criação de aplicativos que, por exemplo, indicam os pontos de reciclagem na cidade, como Thales Recycle, e outras ferramentas digitais que estimulam a participação social para corrigir problemas da cidade. A ideia é expandir as iniciativas para gerarem impacto em grande escala nos municípios da Grande Manchester.
Matthew Fox, um dos líderes do projeto em Manchester. (Foto: Maria Fernanda Cavalcanti / WRI Brasil | EMBARQ Brasil)
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