Workshop avalia acessibilidade no sistema BRT de Belo Horizonte
Belo Horizonte recebeu o Workshop Acessibilidade para Todos, realizado pelo WRI Brasil Cidades Sustentáveis em parceria com a BHTrans (Empresa de Transportes e Trânsito de Belo Horizonte). O evento foi organizado com o apoio da Embaixada Britânica e permitiu ampliar a discussão sobre o acesso ao sistema de BRT da cidade, o MOVE, com palestras de especialistas e atividades em campo. Cerca de 90 pessoas participaram do workshop, que foi desenvolvido com o objetivo de levar aos técnicos da prefeitura da capital mineira, bem como aos demais envolvidos na concepção de projetos urbanos, informações sobre a importância da acessibilidade nos ambientes das cidades.
Regina Cohen (Foto: Marcelo Vasconcelos Araújo/WRI Brasil Cidades Sustentáveis)
A programação do encontro foi aberta pela professora do Núcleo Pró-acesso da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Regina Cohen, que apresentou o conceito do desenho universal e o papel das normas técnicas na elaboração e execução de projetos urbanos. A acessibilidade de pessoas que utilizam cadeira de rodas foi um dos principais temas abordados por Regina. Segundo ela, 23,9% dos brasileiros apresentam algum tipo de incapacidade ou deficiência. “Se contarmos também os familiares e amigos dessas pessoas, que os acompanham nas atividades diárias, vemos que mais de 40% da população brasileira é diretamente impactada pela falta de acessibilidade do ambiente urbano. Isso quer dizer que acessibilidade não é apenas para as pessoas com mobilidade reduzida, mas proporciona melhor qualidade de vida para todas as pessoas”, comentou. Regina expôs exemplos registrados em vias urbanas com pontos críticos da execução dos projetos como, por exemplo, postes e outros mobiliários urbanos que dificultam a passagem de pessoas em cadeira de rodas pelas rampas nas calçadas.
A acessibilidade é o que garante que todos, independentemente de suas condições físicas, possam se locomover com conforto e segurança pela cidade. Garantir que os projetos urbanos sejam desenvolvidos considerando essas condições é fundamental, mas requer trabalho e cuidado, como explicou Paula Santos Rocha, Coordenadora de Mobilidade Urbana e Acessibilidade do WRI Brasil Cidades Sustentáveis, responsável pela coordenação do evento: “Durante as etapas do projeto, muitos elementos são alterados e reformados por diversos motivos, o trabalho passa por muitas mãos e o resultado final acaba muito diferente da primeira ideia”.
Brenda falou sobre os impactos do desenho urbano na acessbilidade e na segurança das pessoas (Foto: Marcelo Vasconcelos Araújo/WRI Brasil Cidades Sustentáveis)
A Gerente de Mobilidade Urbana do WRI Brasil Cidades Sustentáveis, Brenda Medeiros, apresentou o guia de referência global Cities Safer by Design. O manual, desenvolvido pelo WRI, apresenta elementos de design urbano que tornam as vias mais seguras e acessíveis, contribuindo para evitar acidentes de trânsito e, consequentemente, salvar vidas. “A acessibilidade está diretamente ligada à segurança viária. Não adianta projetarmos rampas para acesso de cadeiras de rodas nas calçadas se o limite de velocidade permitida para os veículos motorizados oferecer perigo nas travessias”, salientou Brenda.
O programa Acessibilidade para Todos foi elaborado como mais uma etapa da revisão permanente do PlanMob-BH (Plano Diretor de Mobilidade Urbana de Belo Horizonte), e surgiu da necessidade de tornar a cidade mais igualitária aos moradores. A primeira parte do programa consiste na construção de um diagnóstico da acessibilidade na mobilidade urbana para melhor compreender o que dificulta o direito de acesso amplo e democrático ao espaço urbano e poder intervir para efetivar esse direito.
Na atividade de campo, participantes avaliaram as estações do MOVE (Foto: Marcelo Vasconcelos Araújo/WRI Brasil Cidades Sustentáveis)
A fim de permitir uma experiência prática com as condições de acessibilidade, o workshop levou os participantes às ruas da cidade para observar o uso do sistema de BRT. Paula apresentou o checklist desenvolvido pelo WRI Brasil Cidades Sustentáveis para guiar a atividade de campo realizada pelos técnicos da Prefeitura ao longo das estações do MOVE. Após as saídas de campo, o grupo voltou a se reunir para expor suas observações.
A partir dos pontos destacados pelos participantes do evento, será elaborado um relatório sobre os pontos a serem melhorados em cada estação e no entorno vistoriado. Na sequência, um diagnóstico será entregue para a elaboração da Revisão do PlanMobBH – 2010/2030.