Transport Systems Catapult e MK Smart: dados para revolucionar a mobilidade
A capacidade de reunir e mensurar dados vai transformar o ambiente urbano como o conhecemos hoje. Na visita a Transport Systems Catapult (TSC), os delegados da Missão Brasil | Reino Unido puderam conhecer de perto alguns projetos de mobilidade que reúnem tecnologia, ciência e impacto real em cidades do Reino Unido. Alessandro Saraceni, Gerente de Programação da TSC, recebeu o grupo, na manhã desta quarta-feira (01), na moderna sede da organização, em Milton Keynes, cidade localizada a 88 km de Londres.
A catapulta ajuda poder público, acadêmicos e empresas a desenvolverem novas ferramentas para melhorar o deslocamento nas cidades. A essência está na troca de conhecimentos, capital humano e experiências para analisar os dados recolhidos e pensar em formas de explora-los para um crescimento planejado.
Arena de apresentações no TSC. (Foto: Maria Cavalcanti / WRI Brasil | EMBARQ Brasil)
De acordo com Seraceni, o setor de transporte no Reino Unido, até 2025, deve contar com 98 bilhões de libras divididas em iniciativas de open data (dados abertos), infraestrutura inteligente, integração e análise de dados. “Dados são ‘o novo petróleo’ para o mundo”, considera. Ele apresentou ao grupo o projeto de modelagem e visualização Mapa de Sentimentos, um programa que indica em gráficos o nível de satisfação dos usuários do transporte coletivo de acordo com as informações postadas nas redes sociais. Palavras-chave e emoticons são processados pela matriz, que mostra se os passageiros estão felizes e satisfeitos ou se há algum problema.
Alessandro Seraceni, da TSC. (Foto: Maria Cavalcanti / WRI Brasil | EMBARQ Brasil)
“A infraestrutura digital é uma maneira de operar a infraestrutura física”, diz Seraceni. Por isso, a TSC investe em sistemas complexos e, futuramente, nos chamados “sistemas 5 estrelas”, que vinculam dados abertos de diferentes matrizes para uma plataforma e linguagem única - o que seria a inteligência virtual. Atualmente, já existem múltiplos dispositivos que trocam informações automaticamente entre si – processo conhecido como a Internet das Coisas. As informações vão direto para os operadores da infraestrutura para que tenham o máximo de informações possíveis para trabalhar. “Esse é o tipo de trabalho que impulsionamos aqui”, explica.
Até 2020, 25 bilhões de dispositivos estarão conectados e devem gerar 48 milhões de libras durante a próxima década.
Para Luiza Gomide, diretora da SeMob do Ministério das Cidades, o trabalho é inspirador e está alinhado ao que se espera do Seminário de Inovação e Tecnologia do Ministério das Cidades, que deve ocorrer em Brasília ainda este ano. “Precisamos ir além do transporte como o conhecemos. É necessário pensa-lo em favor das pessoas e não o contrário”, enfatiza.
Por dentro da Transport Systems Catapult
A delegação de especialista brasileiros pode conhecer a estrutura da TSC, que conta com modernas salas de processamento de dados, arena para apresentações e espaços de coworking. Heide Radcliffe, Executiva de Desenvolvimento de Negócios da TSC, guiou o grupo e apresentou um dos principais projetos atualmente para a organização, o Lutz Pathfinder, um pequeno carro para duas pessoas com direção autônoma, ou seja, ele se guia sozinho por meio de sensores.
O veículo atinge a velocidade máxima de 26 km/h e deve ser lançado em 2016, na cidade de Milton Keynes, para auxiliar nos deslocamentos em distâncias curtas e médias.
Projeto Lutz Pathfinder. (Foto: Maria Cavalcanti / WRI Brasil | EMBARQ Brasil)
Milton Keynes e a inovação no Reino Unido
Uma cidade com apenas 50 anos que cresceu a partir de um planejamento bem executado. Essa é a realidade de Milton Keynes, localizada a menos de 100 km de importantes municípios do Reino Unido, como Londres, Oxford e Birgminham. Sarah Gonsalves, Chefe de Políticas do Conselho de Milton Keynes, apresentou ao grupo brasileiro o panorama atual e os desafios de sustentabilidade que a cidade enfrenta, especialmente por ainda depender dos deslocamentos por automóvel e ser um dos municípios que mais cresce no Reino Unido.
Em 1970 a população local era de 70.000, hoje já passou de 260.000. De acordo com Gonsalves, a atratividade de pessoas se deve à boa geração de empregos no setor de tecnologia e inovação, e à sua localização. “O rápido crescimento, porém, traz desafios imensos e a infraestrutura precisa ser adaptada”, explica. Atualmente, Milton Keynes possui um dos maiores índices de propriedade de veículo do país e tem um sistema de transporte coletivo pouco expressivo. Para buscar novas soluções, foi criada a MK:Smart, uma HEFCE – Highger Education Funding Council for England, mantida por organizações públicas e empresas privadas.
Sarah Gonsalves, Chefe de Políticas do Conselho de Milton Keynes. (Foto: Maria Cavalcanti/ WRI Brasil | EMBARQ Brasil)
O Gerente de Engajamento de Negócios da MK:Smart, Rijinder Sharma, explica que tornar Milton Keynes ou qualquer cidade em “inteligente”, precisa-se apostar em tecnologia para apoiar o crescimento urbano, por meio de criatividade e inovação. “Hoje já dispomos de tecnologia para instalar sensores em diversos pontos da cidade e, assim, medir os dados do ambiente. Um exemplo é coloca-los nos postes da zona central para medir os níveis de poluição. Dessa forma é possível ter uma mensuração real e dinâmica, 24h por dia”, esclarece Sharma.
O desenvolvimento do transporte é outro desafio. Guilherme Medeiros, Coordenador Técnico da SCPar do Estado de Santa Catarina, lembra que algumas cidades americanas que possuem a mesma estrutura de Milton Keynes estão apostando no DOT – desenvolvimento orientado pelo transporte, para ampliar a complexidade do transporte coletivo e, ao mesmo tempo, potencializar o crescimento urbano inteligente. O especialista é um responsáveis técnicos para a implementação de soluções apontadas pelo PLAMUS – Plano de Mobilidade Urbana Sustentável da Grande Florianópolis.
De acordo com Sharma, a MK:Smart está pensando em alternativas relacionadas a partir de um hub digital formado por universidades de todo Reino Unido, empresas de tecnologia e poder público. A partir deste hub são disponibilizados dados abertos em nível local e nacional.
Saiba mais sobre o trabalho da MK:Smart em www.mksmart.org
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