Por cidades mais saudáveis

O evento reúne comunidade acadêmica, profissionais e especialistas das áreas de arquitetura, planejamento urbano, saúde e políticas públicas, e é organizado pela USP Cidades e Instituto Cidade Ativa, com apoio da EMBARQ Brasil. O sedentarismo nas cidades somado aos maus hábitos alimentares levaram a um aumento significativo das chamadas “doenças de desequilíbrio energético” - como câncer, diabetes e problemas cardiovasculares. Quem alerta é Skye Duncan, arquiteta do time de especialistas que tornou NY referência em atenção ao pedestre por meio do conceito Active Design.

Duncan lembrou que os séculos XIX e XX foram marcados por reformas urbanas para combater as doenças infecciosas, e agora é hora de agir contra os males crônicos. “O modo como vivemos nas nossas cidades influencia diretamente para que essas doenças aumentem. A maioria das nossas cidades foi construída sem sequer dar chance para o pedestre. Sem calçadas, sem locais apropriados para as pessoas. Isso as forçou a andar de carro ou ir para o meio da rua. É hora de mudar”, alertou.

O conceito nova-iorquino propõe pensar as calçadas como uma “sala de estar”, onde experienciamos a rua. São seis os pontos-chave que devem ser observados: Sustentabilidade e resiliência, acessibilidade, segurança, conectividade, escala humana e complexidade. Esses aspectos podem ser fortalecidos ou aprimorados por meio de medidas como alargar e deixar livre o passeio urbano, utilizar sinalização e iluminação apropriada, mais espaços verdes e menos concreto. Para isso, porém, é necessário decisão política. “É muito importante ter em mente que as leis influenciam as experiências que vivemos nas ruas”, disse Gabi Callejas, especialista do Instituto Cidade Ativa.
Microacessibilidade e Safári Urbano no Rio Pinheiros

A coordenadora de Projetos de Transporte da EMBARQ Brasil, Paula Santos Rocha, e a especialista em Desenvolvimento Urbano, Lara Caccia, apresentaram o projeto Microacessibilidade do Rio Pinheiros, desenvolvido por meio da plataforma colaborativa Conexões do Rio Pinheiros – uma iniciativa do WRI Brasil em parceria com a EMBARQ Brasil e financiada pela Fundação Caterpillar. A região escolhida para o desenvolvimento do projeto é ao redor da estação Berrini da CPTM, onde há grande fluxo de pessoas em horário de pico.

“Ações simples como implantação de semáforos e priorização do pedestre tornariam o passeio mais seguro e agradável às pessoas”, declarou Lara ao apresentar vídeos de situações de risco vividas diariamente na região. “Hoje os participantes foram agentes ativos do projeto. Os dados colhidos no Safári Urbano irão auxiliar na elaboração do projeto básico que está sendo desenvolvido pela plataforma colaborativa”, lembrou Paula.
Cerca de 40 alunos e profissionais de arquitetura saíram às ruas nesta tarde para a aplicação da metodologia de análise desenvolvida em Nova Iorque. Os participantes foram divididos em 5 grupos para verificar calçadas, fachadas de edifícios, sinalizações para pedestres, entre outros elementos. As regiões exploradas foram a Rua Joel Carlos Borges, trechos da Av. das Nações Unidas e Eng. Luis Carlos Berrini; ruas Flórida e Arandu.


“As pessoas se acostumaram com o ruído alto, a poluição e a temperatura das ruas. O grande objetivo desse evento é reunir os responsáveis por mostrar que a situação nas cidades não está boa, e as soluções possíveis”, lembrou Roberta Kronka, professora da Faculdade de Arquitetura e coordenadora do LABAUT – Laboratório de Conforto Ambiental e Eficiência Energética da USP.
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