Planos de Mobilidade: transporte sustentável em 1º lugar
O ano de 2012 marcou uma nova etapa para as cidades brasileiras. Foi quando a Política Nacional de Mobilidade Urbana entrou em vigor, reestabelecendo a configuração do trânsito de pessoas no espaço urbano, com o transporte sustentável em primeiro lugar.
Pela primeira vez, o país recebeu R$ 30 bilhões de recursos do Programa de Aceleração do Crescimento, o PAC, para que mais 60 cidades tornarem projetos de mobilidade urbana uma realidade nas suas ruas. Mas com uma condição: para acessar os recursos, municípios com população a partir de 20 mil habitantes e integrantes de regiões metropolitanas deveriam entregar seus planos de mobilidade urbana até abril de 2014.
Nem todos cumpriram a norma, prejudicando futuros projetos, mas outros trabalharam para desenvolver planos de mobilidade urbana de qualidade em tempo hábil. Dois exemplos inspiradores vêm de Santa Catarina. É a cidade de Joinville e a região da Grande Florianópolis, cujos planos contaram com um apoio chave na sua construção, a população, e também com especialistas e as melhores práticas internacionais para solucionar problemas locais. Vamos dar uma olhada em cada um deles.
Colaboração e visão para o PlanMob Joinville
Com 500 mil habitantes, Joinville é o município mais populoso do estado. No horizonte, a ambição de tornar-se uma cidade onde os deslocamentos a pé, por bicicleta e transporte coletivo sejam a primeira opção dos moradores, foi preponderante para a construção de um plano ambicioso, voltado mais às pessoas, menos ao transporte motorizado.
Sancionado em março deste ano pelo prefeito Udo Döhler e pelo Ministro das Cidades, Gilberto Kassad, o PlanMob Joinville foi construído a múltiplas mãos, com participação ativa da população e apoio técnico do WRI Brasil | EMBARQ Brasil (produtor deste blog) na metodologia e melhores práticas. Algumas das metas:
- Transporte a pé: 15 minutos será o tempo máximo de caminhada para acessar áreas verdes urbanas de lazer e recreação; cortar pela metade o número de acidentes e de vítimas fatais no trânsito até 2020.
- Bicicleta: implantar 730 km de vias cicláveis até 2025; obter 20% dos deslocamentos por bicicleta até 2025.
- Ônibus: ter 40% de deslocamentos por ônibus até 2030; obter 50% de aumento na velocidade operacional média até 2025.
PLAMUS, um novo fôlego para a Grande Florianópolis
O PLAMUS - Plano de Mobilidade Urbana da Grande Florianópolis foi um estudo de um ano que mapeou desafios e propôs soluções para a mobilidade urbana dos 13 municípios da região metropolitana: Anitápolis, Rancho Queimado, São Bonifácio, Angelina, Antônio Carlos, Águas Mornas, São Pedro de Alcântara, Santo Amaro da Imperatriz, Biguaçu, Governador Celso Ramos, São José, Palhoça e Florianópolis. O WRI Brasil | EMBARQ Brasil apoiou a comunicação e as oficinas de participação social de todo o projeto, um ponto chave em seu desenvolvimento.
De acordo com o estudo, 1,7 milhão de viagens são realizadas por dia na região metropolitana. Destas, 48% por automóvel ou motocicleta – índice bem superior à média nacional de 38% – 24% por transporte coletivo e 25% a pé ou bicicleta. Outros números que impactam são em relação ao aproveitamento do espaço na ponte que liga a ilha ao continente. 75% dos deslocamentos são feitos por carros, que ocupam 90% da capacidade da ponte, e 3% são por ônibus, que levam 10 mil pessoas por hora e ocupam apenas 1% da capacidade.
Para mitigar a mobilidade urbana, estão previstos investimentos em transporte coletivo de qualidade e boas calçadas para incentivar trajetos a pé e o uso da bicicleta. No total, estão previstos 70 km de corredores exclusivos ao ônibus nas regiões norte, sul e leste da ilha e também no continente, com R$ 411 milhões já alocados pela Caixa. A capital catarinense também contará com o SAO – Sistema de Apoio à Operação, um controle de operação com tecnologia para gerenciar a operação, além de um Sistema de Informação ao Usuário através de aplicativo para smartphones com rotas, linhas que passam na região e horário dos ônibus.