Nova coalizão vai mostrar que cidades sustentáveis são melhores para a economia e para o clima
As ações que definirão o futuro da humanidade estão ligadas a como as sociedades vão se engajar na busca por meios de vida – nas cidades e fora delas – mais sustentáveis e capazes de enfrentar as mudanças climáticas. O entendimento de que grandes centros urbanos mais compactos, coordenados e conectados contribuem para esse objetivo comum tem crescido, mas a forma de fazer essa transformação ainda é um desafio.
Para ajudar governos a encontrar soluções para o desenvolvimento urbano foi anunciada a Coalition for Urban Transitions, uma grande iniciativa internacional liderada pelo New Climate Economy, junto com o WRI Ross Center for Sustainable Cities e o Grupo de Liderança Climática de Cidades C40. Ao todo, 20 das maiores organizações mundiais do setor vão reunir dados e evidências econômicas e políticas para apoiar líderes federais, estaduais e municipais pelo mundo. O grande objetivo é destravar investimentos capazes de fazer uma transição para um futuro urbano mais sustentável. A novidade foi lançada durante a conferência Climate Action 2016, que ocorre nesta quinta-feira (05) em Washington, nos Estados Unidos. A prefeita de Paris, Anne Hidalgo, anunciou a nova parceria.
"Essa coalizão irá construir uma base de evidências para os legisladores com soluções que podem libertar o poder das cidades para apoiar um desenvolvimento urbano e um clima melhor para as cidades", afirmou o prefeito de cidade sul-africana de Tshwane, Kgosientso Ramokgopa. A coalização apoiará decisões de urbanização em nível nacional em países de todo o mundo, ligando as estratégias das cidades a planejamentos econômicos mais amplos. Através de pesquisas econômicas e engajamento nos países, a parceria vai ajudar os governos a colocar investimentos eficazes em infraestrutura urbana verde no centro de suas estratégias de crescimento.
"A escala e o ritmo da revolução urbana global que acontece atualmente não podem ser subestimados, e as oportunidades, se bem geridas, podem ser enormes. Por exemplo, se forem feitos investimentos apenas em transporte sustentável, haverá não só vantagens sociais e ambientais, mas também uma economia que pode chegar a até US$ 300 bilhões por ano", disse Ani Dasgupta, Diretor Global do WRI Ross Center for Sustainable Cities e Sócio-diretor da Coalizão. "Colocar esse tipo de informação – sobre os claros benefícios econômicos da construção de melhores cidades – nas mãos dos tomadores de decisão pode nos colocar em um caminho onde cada país irá começar a colher os benefícios”, afirmou.
Ao longo dos próximos três anos, a coalização irá trabalhar em uma série de nações em rápida urbanização, incluindo China, Índia e vários países da África Sub-Sahariana. "Prefeitos sabem dos amplos benefícios econômicos das cidades sustentáveis, e por isso estão se esforçando para agir em oportunidades de um crescimento de baixo carbono. Porém, o desafio da urbanização é tão grande que, sozinhos, não conseguiríamos vencer. Precisamos de políticas e planejamento econômico a nível nacional para complementar nossos esforços nas cidades. É aí que a Coalizão desempenhará um grande papel", afirmou o prefeito do Rio e Presidente do C40, Eduardo Paes, presente no evento.
Climate Action 2016
O Climate Action 2016, conferência realizada nesta quinta e sexta-feira (06) em Washington, Estados Unidos, tem como objetivo reunir a agenda de ações de governos para expandir a força das coalizões que possibilitarão um futuro mais sustentável. Duas semanas após a cerimônia de assinatura do Acordo de Paris, documento de combate às mudanças climáticas no qual nações se comprometem a reduzir as emissões de gases de efeito estufa, o Climate Action 2016 reúne atores de diversos setores para aprofundar as alianças estabelecidas na Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, em 2014, no Peru. A conferência pretende impulsionar o engajamento dos governos e para oportunidades de compartilhamento entre eles.
Além de ocorrer na sequência das negociações tratadas na COP 21, o Climate Action 2016 também sucede o estabelecimento da Agenda 2030, documento que propõe 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) e 169 metas correspondentes, fruto do consenso obtido pelos delegados dos Estados-membros da ONU e que será acordado na Terceira Conferência das Nações Unidas sobre Habitação e Desenvolvimento Urbano Sustentável (Habitat III), que será realizada em Quito no mês de outubro. Nos dois dias de evento, em Washington, o Climate Action montará grupos de trabalho para sessões sobre ações de curto prazo e a necessidade de ações de longo prazo sobre os temas: Cidades e implementações Sub-nacionais, Transporte, Uso do solo, Energia, Resiliência/Adaptação e Análise e Ferramentas de Apoio à Tomada de Decisão.
A conferência deve receber 700 participantes, incluindo líderes de governo, empresas, universidades, filantropia e sociedade civil. Estarão presentes do evento o Secretário-Geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, o presidente do Banco Mundial, Jim Yong Kim, o Enviado Especial das Nações Unidas para Cidades e Mudanças Climáticas e Sócio-Fundador, Michael R. Bloomberg, a CEO do Global Environment Facility (GEF), Naoko Ishii, e Presidente do WRI, Andrew Steer, entre outros nomes importantes.
Fórum
Na quarta-feira (04), a Universidade de Maryland promoveu um pré-evento, aberto ao público. O Fórum foi dividido em três sessões, cada um com seis painéis, para debater variadas questões que também estão presentes no evento principal. A primeira sessão debateu a importância das instituições acadêmicas e de pesquisa na implementação de ações climáticas, o segundo painel falou sobre possibilitar um futuro mais resiliente orientado por dados, e o terceiro abordou questões de mudanças climáticas, pobreza e vulnerabilidade.