Emissão de CO2 por veículos particulares aumenta 25% em três anos

Emissão de CO2 por veículos particulares aumenta 25% em três anos Por Adamo Bazani, jornalista da Rádio CBN especializado em transportes D e acordo com a mais recente edição do Inventário Nacional de Emissões por Veículos, divulgado em junho pelo Ministério do Meio Ambiente, os automóveis de passeio foram responsáveis por 38% do dióxido de carbono (CO2) jogado no ar em todo o País em 2012. Isso revela um aumento de 25% em relação a 2009, quando houve a primeira edição do inventário, e de 52% na comparação com 2002.
Já em relação ao monóxido de carbono (CO) e óxido de Nitrogênio (NOx), houve queda nas emissões, mesmo com o aumento da frota de veículos. Em 2012, a frota nacional de veículos, incluindo-se carros, caminhões, ônibus e motos, somava 48,7 milhões de automóveis. Em 2009, a frota era de 38,4 milhões de veículos. Mesmo assim, a queda de emissões de CO - monóxido de carbono foi de 16% na comparação entre 2009 e 2012. Já comparando 2002 e 2012, a redução de NOx - óxido de Nitrogênio foi de 12,9%.
Mesmo com essa redução nas emissões de outros poluentes, o Inventário diz que é preocupante o excesso de veículos, principalmente de passeio, nas médias e grandes cidades. O relatório é bastante claro ao apontar os investimentos nos transportes públicos como solução sólida para que os níveis de poluição não ameacem ainda mais a qualidade de vida nas cidades.
Estes investimentos devem contemplar posições firmes de cada governo local em fazer escolhas. Nem sempre será possível compatibilizar a grande quantidade de carros com o transporte público no espaço urbano. Mesmo com insatisfações dos usuários do transporte individual ou dos comerciantes que se beneficiam das áreas de estacionamentos ao longo das vias, se o poder público quiser de fato combater a degradação da saúde e da qualidade de vida em geral causada pela poluição, deve criar mecanismos que restrinjam o uso do transporte individual.
Para que as pessoas possam optar pelo transporte coletivo e deixar o carro em casa, é preciso investir na qualidade do sistema. Na minha opinião, para isso, os governos locais devem atuar com diversas ações. Uma delas é reformular os conceitos de cidade. Deve haver uma descentralização física dos postos de geração de emprego e renda. As oportunidades precisam ficar mais próximas de onde as pessoas residem para diminuir os deslocamentos. Além disso, é fundamental elaborar malhas de transportes públicos interligados. Pensar na capilaridade dos serviços, ou seja, fazer com que o transporte público eficiente atenda a cada vez mais lugares.
Os corredores de ônibus do tipo BRT são essenciais neste processo. Em comparação ao metrô e outros modais os corredores de ônibus são 10 vezes mais rápidos para a implantação e de cinco a 20 vezes mais baratos. Serviços troncais de alta demanda, como o metrô, são essenciais. No entanto, um erro muito comum é elaborar apenas projetos de linhas troncais de transportes. Isso resulta em excesso de pessoas transportadas sem conforto em linhas de metrô superlotadas. Vários sistemas de média capacidade atendem de forma mais barata e eficiente a mesma quantidade de pessoas (ou até mais) que hoje são praticamente confinadas nos serviços de alta capacidade.
Para finalizar, deve-se atuar na questão cultural para mudança de hábitos: o culto ao carro é algo arraigado na sociedade brasileira. Ainda hoje, o carro é sinônimo de status e crescimento social ao mesmo tempo que o transporte coletivo ainda é apregoado como sinônimo de pobreza. Por mais que o transporte público seja eficiente, muita gente ainda se sentiria “um cidadão menor” ao pegar um ônibus, trem ou metrô. Esse paradigma deve ser quebrado.