Em Movimento: conduzindo o transporte urbano a uma nova direção

O congestionamento crônico é um dos muitos impactos negativos resultantes da confiança urbana em automóveis privados. (Foto: Mike Wegner)
Este artigo faz parte da série de posts Transporte Urbano Em Movimento, do blog TheCityFix, produzido pela rede EMBARQ. Texto por Dario Hidalgo .
Por que precisamos de uma mudança de paradigmas na mobilidade urbana
Os sistemas de transporte são vitais para a sustentabilidade econômica, social e ambiental. Infelizmente, a situação dos sistemas de transporte urbano atuais é que eles têm gerado impactos negativos para nossa sociedade. O setor de transportes emite 14,5% dos gases do efeito estufa (CO2) no mundo. Se continuarmos na direção crescente do consumo de carro particular motorizado, o consumo de energia e a emissão de gás carbônico advindos do transporte vai crescer 80%até 2050. Grande parte das emissões virão das cidades – onde mais da metade da população mundial vive atualmente.
Estima-se que a viagem particular motorizada (carros, motocicletas…) corresponderão por 90% do crescimento de emissões do transporte urbano, uma rápida expansão que contribuirá para agravar os problemas de poluição do ar e segurança viária nas cidades. Atualmente, mais de duas milhões de pessoas morrem prematuramente todos os anos em decorrência da poluição do ar, e mais de 1,2 milhões de pessoas são mortas anualmente em função de acidentes de trânsito. Além disso, a perda econômica em função do congestionamento crônico, da poluição do ar e da segurança viária é tão significativa que equivale a 10% do produto interno bruno norte-americano. Em face da urbanização e motorização sem precedentes, estes números chocantes quase tem sido aceitos como usuais.

A fim de reverter as tendências insustentáveis descritas no gráfico acima, é preciso haver um esforço global consciente para evitar o uso desnecessário do carro; mudar para modos de transporte mais eficientes, como o transporte coletivo, bicicletas e trajetos a pé; e melhorar as tecnologias existentes.
Três termos para lembrar do quadro Evitar-Mudar-Melhorar
Melhorar as tecnologias veiculares já tem contribuído para aumentar a eficiência energética e reduzir emissões do setor de transportes. De toda forma, estes esforços ainda são insuficientes em relação a nossas necessidades de manter o crescimento da temperatura global abaixo de dois graus até 2050 – um cenário de mudança climática conhecido como o 2ºC Cenário, ou 2DS. A Agência Internacional de Energia também analisou um possível 4ºC Cenário (4DS) e 6ºC Cenário (6DS), cujos efeitos seriam ainda mais nocivos do que o 2DS.
As implicações assustadoras desses cenários de mudanças climáticas são a razão pela qual o setor de transporte precisa evitar, mudar e melhorar. Essas ações produzem benefícios, incluindo redução de fatalidades no trânsito, o aumento da atividade física, melhor qualidade do ar e opções de transporte mais justas, os quais melhoram a acessibilidade e qualidade de vida nas cidades. Além disso, faz sentido economicamente reduzir os gastos em combustível, veículos e infra-estrutura rodoviária – e o mais rápido possível. Pesquisa realizada pela Agência Internacional de Energia revela que a economia representará cerca de $ 50 trilhões – mais no 2° C Cenário de mudanças climáticas do que no 4° C Cenário.
Nesta série (este é apenas o primeiro post), vamos compartilhar tendências emergentes e positivas no setor de transportes e documentar as melhores práticas para evitar, mudar e melhorar, que, esperamos, estão movendo a mobilidade urbana em direção ao uma nova norma.
Comparando a mobilidade em economias emergentes e industrializadas
Implementar as estratégias evitar, mudar e melhorar nos países com economias emergentes requer uma mudança num cenário de desenvolvimento onde o carro prevalece, o que é padrão em economias industrializadas. Entre os fatores importantes que irão impactar o sucesso destas estratégias no mundo em desenvolvimento estão as preferências do consumidor, a cultura e o custo e qualidade das alternativas à posse do carro privado.
Também é crucial para que os países de economias industrializadas melhorem seu comportamento em transporte, com foco particular em modificar as tecnologias veiculares e os tipos de combustível. As escolhas que as cidades, tanto no mundo em desenvolvimento quanto desenvolvido, fazem em matéria de mobilidade e desenvolvimento urbano terão impactos profundos a longo prazo.
O próximo post da série “Em Movimento” vai analisar o comportamento e as preferências entre as gerações mais jovens.