Compromisso global por ônibus mais verdes
Na América Latina, o transporte coletivo por ônibus é um importante conector a empregos, saúde e educação. Com a expansão urbana cada vez maior, no entanto, a necessidade de viagens motorizadas em longas distâncias culmina em mais emissões de gases de efeito estufa e traz um desafio e tanto ao desenvolvimento sustentável e qualidade de vida nas cidades.
Pensando no papel do ônibus para a mitigação desses efeitos, prefeitos de 20 cidades da América Latina e outras localidades assinaram a Declaração de Intenções para Ônibus Urbanos Limpos, parte do Pacto Global de Prefeitos, comprometendo-se a priorizar ônibus de tecnologias mais limpas na frota do transporte coletivo de suas cidades.
O documento foi assinado na última semana durante o primeiro Fórum de Prefeitos da América Latina, realizado pela rede C40 em Buenos Aires. A declaração também oferece uma oportunidade para catalisar a ação conjunta para que montadoras globais, operadores de transporte coletivo, empresas de leasing, bancos de desenvolvimento e outras agências de financiamento corroborem com futuros projetos municipais para que o transporte coletivo por ônibus tenha baixa emissão de carbono.
E os impactos de ações como esta podem ser significativos. Ao todo, as 20 cidades que assinaram a declaração possuem 114.655 ônibus que, se fossem substituídos por veículos limpos, reduziriam o equivalente a 1,78 milhão de toneladas por ano, conforme o C40. Em se tratando especificamente de cidades da América Latina, seu potencial para cortar emissões é de 2,500 milhões de toneladas até 2030, o equivalente a retirada de 526 milhões de carros das ruas. Ao assinar o pacto, elas estão na liderança por um futuro resiliente e de baixo carbono.
Entre as premissas da declaração, as cidades pedem apoio para superar os custos e a falta de financiamento atual que servem como barreiras à contratação em massa de ônibus de baixa emissão.
Cidades que assinaram o pacto:
Bogotá, Buenos Aires, Caracas, Curitiba, Lima, Cidade do México, Quito, Rio de Janeiro e São Paulo, todas do C40, além de Assunção, Belo Horizonte, Cali, Córdoba, Fortaleza, La Paz, Panamá, Salvador, Santiago, São Domingo, Tegucigalpa e Valparaíso.
Além dessas cidades, outros membros do C40 localizados na África, Ásia, Europa e América do Norte também mostraram apoio à declaração, pedindo menores custos em ônibus com baixas emissões. São elas: Addis Ababa, Cape Town, Johanesburgo e Tshwane (África), Copenhagen, Londres, Madrid, Oslo e Varsóvia (Europa), São Francisco (Estados Unidos), Seul (Coreia do Sul), Jakarta (Indonésia).
“Ao tomar medidas decisivas aqui, hoje, as cidades latino-americanas estão liderando a condução de ações urbanas que reduzem as emissões de gases de efeito estufa e os riscos climáticos, enquanto promovem saúde, bem-estar e oportunidades econômicas aos cidadãos. Os prefeitos, através de redes como o C40, estão aprendendo uns com os outros, trocando ideias e acelerando, assim, a ação local efetiva. O evento de hoje é uma prova dessa tendência promissora” - Eduardo Paes, presidente do C40 e prefeito do Rio de Janeiro
“Cidades em toda a América Latina estão fazendo um trabalho inteligente para melhorar a vida das pessoas e, ao mesmo tempo, diminuir a emissão de carbono, em muitos casos encontrando novas maneiras de expandir o transporte de massa. Entrar no Pacto Global de Prefeitos é mais um importante passo para as cidades da região porque vai ajudá-las a definir metas climáticas claras, medir o progresso e compartilhar as melhores práticas com o resto do mundo. Com a Conferência sobre Mudança Climática da ONU, em Paris, no fim do ano, as cidades da região estão mostrando liderança em um momento importante” - Michael Bloomberg, enviado especial da ONU para Cidades e Mudanças Climáticas e presidente do conselho do C40
Mudanças climáticas já são realidade e precisam ser combatidas agora, e o transporte sustentável é um dos jogadores chave neste processo. O compromisso e a ação para a adoção de energias mais eficientes. O processo é longo, mas o desenvolvimento de baixo carbono deve começar o quanto antes e de forma contínua.