Cinco passos para uma mudança transformadora nas cidades
Este post foi escrito por Alex Rogala e publicado originalmente no TheCityFix.
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A Habitat III acontece em Quito, no Equador, até o dia 20 de outubro. Na sessão “Uma abordagem holística para a sustentabilidade urbana”, que aconteceu no domingo (16), a discussão teve como foco a necessidade de um processo de planejamento amplo e integrado para criar o tipo de transformação urbana de que as cidades precisam. O evento foi organizado em conjunto pela Global Cities and Business Alliance, C40, ICLEI, World Urban Campaign e General Assembly of Partners.
Da ratificação do Acordo de Paris aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, passando pelo recente acordo internacional sobre a redução de emissões de hidrofluorcarbonetos, a comunidade internacional está trabalhando para progredir em seus compromissos. O tempo de negociação já passou – o crucial agora é agir.
Transformar a Nova Agenda Urbana em mudanças tangíveis exige uma mudança de paradigma na maneira como viemos trabalhando para construir cidades sustentáveis. Com frequência, as cidades – e suas agências e departamentos – operam isoladamente, alheias ao setor privado, à população e a outra cidades e departamentos. A mudança urbana transformadora de que precisamos demanda uma gestão mais coordenada e integrada e mais colaboração do que nunca – e está claro que o setor privado precisará ter parte nesse processo.
Uma pesquisa recente da Nova Economia Climática mostra que investir em transporte coletivo e de baixa emissão, eficiência das construções e gestão de resíduos pode gerar às cidades uma economia de até 17 trilhões de dólares até 2050. De outro lado, em economias emergentes como a Índia, entre 70% e 80% do ambiente construído que veremos em 2030 ainda será construído. Dentro dessas circunstâncias, as cidades precisam agir com a participação do setor privado, que ajudará não só a financiar, construir e operar a infraestrutura urbana, mas também poderá contribuir com pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias, abrindo oportunidades para a colaboração entre os setores público e privado.
A boa notícia é que essa não é uma tarefa impossível. Muitas cidades estão se tornando exemplos ao trabalhar em conjunto com empresas para criar mudanças holísticas. O PlaNYC, por exemplo – plano de ação de Nova York – estabeleceu ações integradas em habitação acessível, áreas verdes e segurança viária em conjunto com o setor privado com a finalidade de melhorar a economia, a sustentabilidade e a inclusão social. Outro exemplo é a participação de diversas cidades na iniciativa Visão Zero, que tem o objetivo de eliminar os acidentes de trânsito – um movimento global na construção de cidades mais seguras a partir do desenho urbano. De forma semelhante, como demonstrado pelo World Resources Report, Medellín, na Colômbia, já conhecida como “capital mundial do assassinato”, criou uma coligação entre lideranças políticas, representantes do setor privado e outros atores-chave para investir em educação, reformar a política habitacional e reduzir os índices de pobreza da cidade. Com esse modelo de parceria, Medellín é uma das provas de que a transformação urbana pode acontecer – mas apenas por meio de uma abordagem integrada nas ações.
Então, o que as cidades deveriam pensar em fazer para começar essa mudança holística? Holger Dalkmann, Diretor de Estratégia e Política Global do WRI Ross Center for Sustainable Cities, lista cinco ideias:
- Visão ambiciosa: uma visão de futuro clara e ambiciosa é a base para qualquer mudança.
- Foco em intervenções-chave: mesmo com o apoio de redes colaborativas, as cidades não podem fazer tudo. Estabelecer prioridades é essencial.
- Mensurar sistematicamente: mensurar ações e resultados de forma constante é importante para comprovar a eficácia das medidas e mostrar que a mudança é possível.
- Construir alianças: tanto com o setor privado quanto com a sociedade civil, em escala local e global.
- Agir agora: a oportunidade é agora.
Se as cidades seguirem esses cinco passos – como muitas em diferentes partes do mundo já estão fazendo – o mundo estará apto a cumprir os compromissos assumidos e criar a mudança transformadora necessária nas cidades.