Cidades da Região Metropolitana do Rio de Janeiro mais perto dos seus Planos de Mobilidade
Doze municípios da Região Metropolitana do Rio de Janeiro deram um passo adiante na construção dos seus Planos de Mobilidade. Na tarde desta quinta-feira (16), cerca de 100 técnicos e secretários municipais foram apresentados à metodologia desenvolvida pelo WRI Brasil Cidades Sustentáveis e detalhada na publicação Sete Passos – Como Construir um Plano de Mobilidade Urbana.
O evento foi realizado pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro em parceria com o WRI Brasil Cidasdes Sustentáveis, através da Câmara Metropolitana de Integração Governamental, que está apoiando os municípios na construção de seus Planos de Mobilidade, para priorizar e integrar o transporte coletivo (municipal e intermunicipal) e o não motorizado. Fazer com que as prefeituras trabalhem em sintonia, de forma integrada e que leve em consideração o Plano Diretor Metropolitano, é uma maneira de ampliar os benefícios dos planos para o desenvolvimento urbano.
“Quando não temos um modelo, uma concepção, acabamos fazendo mais do mesmo, enxugando o gelo, e não conseguimos garantir um processo de desenvolvimento sustentável. Na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, temos uma expansão de 60 quilômetros quadrados por ano; é quase duas vezes o tamanho de Niterói a cada ano. Fazemos um esforço hercúleo para melhorar a infraestrutura existente e logo ela está obsoleta. Construir um esforço de planejamento sólido, como estamos fazendo aqui, é muito animador”, afirmou Vicente Loureiro, diretor-executivo da Câmara Metropolitana.
A proposta do encontro foi discutir como fazer com que o Plano de Mobilidade se transforme em uma política de estado e não de governo. Nívea Oppermann, Diretora de Desenvolvimento Urbano do WRI Brasil Cidades Sustentáveis, apresentou a metodologia dos Sete Passos aos técnicos e secretários das prefeituras presentes no Palácio da Guanabara, no Rio de Janeiro, e ressaltou como é importante ter muito claro o que se quer com o plano, para que ele seja realmente um instrumento de planejamento e de transformação da realidade na área de mobilidade urbana. "Mais do que permitir que os municípios captem recursos, o Plano de Mobilidade deve ser um instrumento para as cidades pensarem o que querem para o futuro. A gente não pode ver o plano como algo que serve apenas para conseguir recursos federais. É preciso pensá-lo como um efetivo instrumento de planejamento e de qualificação da vida nas cidades”, explicou.
Nívea Oppermann (Foto: Bruno Felin/WRI Cidades Sustentáveis)
Baseada na realidade brasileira, a metodologia orienta desde as primeiras mobilizações até as providências necessárias para a implementação e a revisão periódica do Plano de Mobilidade. Esse trabalho precisa ser construído com uma visão abrangente, que vá além de buscar uma solução para o transporte motorizado e os congestionamentos. Deve trabalhar os diferentes modos de transporte e outros temas relacionados, como meio ambiente, sustentabilidade, economia, saúde, entre outros.
Ao realizar uma dinâmica chamada World Café, a equipe do WRI Brasil Cidades Sustentáveis, que além de Nívea contou com Luiza de Oliveira Schmidt, Coordenadora de Cidades, e Daniely Votto, Gerente de Governança Urbana, dividiu os participantes em nove grupos, que deram suas opiniões sobre temas capazes de contribuir com o trabalho técnico de suas cidades na construção dos Planos de Mobilidade. Os grupos identificaram como a estrutura de gestão deve envolver a sociedade civil para resultados mais democráticos - levando em conta a contribuição da comunicação nesse processo -, a importância de se ter uma visão clara de cidade, e os riscos e oportunidades abertos ao se fazer esse tipo de planejamento.
Em atividade prática, participantes elencaram pontos a serem considerados no desenvolvimento dos planos de mobilidade (Foto: Bruno Felin/WRI Cidades Sustentáveis)
Participaram da oficina de capacitação técnicos e secretários de Nova Iguaçu, São João de Meriti, Belford Roxo, Mesquita, Nilópolis, Queimados, Duque de Caxias, Magé, Itaboraí, São Gonçalo, Niterói e Rio de Janeiro, além de técnicos da Secretaria de Estado de Transportes do Rio de Janeiro, Secretária de Estado de Obras, Departamento de Estradas de Rodagem e representantes da sociedade civil. Os grupos contribuíram uns com os outros para construir soluções amplas, capazes de se encaixar na realidade de qualquer um dos municípios. Ao final, todas as ideias foram condensadas conceitualmente e apresentadas de forma resumida.
“Somos municípios muito carentes de forma geral e precisamos desse apoio. A nossa densidade demográfica é grande e muito mal distribuída, então a gente precisa do apoio desse corpo técnico, de pessoas capacitadas”, afirmou o prefeito de Magé, Rafael dos Santos Souza. O assessor técnico de Urbanismo da Secretaria de Meio Ambiente e Urbanismo de Nova Iguaçu, Paulo Aguiar, ressaltou a importância da oficina de capacitação, lembrando que Nova Iguaçu é cortada por ferrovias e rodovias, como a Via Light e a Via Dutra. “Nova Iguaçu está no eixo de ligação com diversas cidades da região metropolitana e o tema da mobilidade é um assunto que deve ser tratado com prioridade”, disse.
A maior parte dos municípios da Região Metropolitana do Rio de Janeiro que participaram da capacitação está finalizando o passo 3 da metodologia e reunindo a documentação e os dados necessários para iniciar a fase 4, que consiste em de fato iniciar a elaboração do Plano de Mobilidade. Os participantes reconheceram os desafios que os municípios devem enfrentar para construir seus Planos de Mobilidade e uma visão de cidade que transcenda governos. E levarão esses conhecimentos para as prefeituras para continuar com o processo.
(Foto: Bruno Felin/WRI Cidades Sustentáveis)