Aprendizados do Ciclo de Minicursos TUMI no IV EMDS
Durante o IV Encontro dos Municípios com o Desenvolvimento Sustentável (EMDS), o WRI Brasil e o Ministério Federal de Cooperação Econômica e Desenvolvimento da Alemanha, a GIZ, realizaram em Brasília o Ciclo de Minicursos TUMI, como parte da programação do evento. Gestores e secretários municipais, pesquisadores, estudantes e representantes de organizações da sociedade civil acompanharam uma série de capacitações em temáticas urbanas essenciais para o desenvolvimento sustentável, como eficiência energética, mobilidade ativa, segurança viária, gestão de demanda de viagens, participação social e Desenvolvimento Orientado ao Transporte Sustentável (DOTS). Você pode conferir as matérias sobre os minicursos aqui.
Durante o evento, a equipe de comunicação do WRI Brasil registrou a opinião de alguns convidados que se capacitaram nos cursos. Confira abaixo:
Minicurso 1 - Mobilidade Sustentável e Eficiência Energética - Como desenvolver e implementar um plano de mobilidade urbana que seja sustentável e reduza emissões
Isabel Cristina Guimarães Haifuch - Arquiteta e Gerente de Planejamento da Secretaria Municipal de Transportes de Porto Alegre
Principal aprendizado que leva para a cidade?
A primeira conclusão que tiramos é que estamos todos no mesmo barco, dividindo os mesmos problemas. Muitos pontos discutidos aqui me cativaram, principalmente a questão do uso e planejamento do solo voltado à mobilidade. Isso é um problema sério em Porto Alegre, porque não temos essa vinculação entre as duas coisas. Para nós, é bom saber que nossas principais dúvidas já estão sendo discutidas e que muitas inclusive já têm algum tipo de encaminhamento.
Valério de Morais Kosel - Arquiteto da Secretaria de Trânsito e Mobilidade de Brusque (SC)
Principal aprendizado que leva para a cidade?
Em Brusque, temos um projeto junto à cidade de Kaulsdorf, na Alemanha, que trata exatamente sobre a mobilidade urbana sustentável. Viemos aqui aprender mais a respeito e foi muito positivo estreitar laços para futuras implementações. Ainda temos de trabalhar bastante, mas eu considero que todo desafio é válido. Temos que olhar para trás e aprender com os erros para então olhar para frente e fazer algo bem melhor.
Taís Fonseca - Arquiteta e Urbanista, São Paulo
Principal aprendizado que leva para a cidade?
Acredito que principalmente a questão das emissões – entender o quanto o transporte é responsável hoje pelas emissões de GEE e quais as melhores maneiras de tratar esse problema. A melhoria da eficiência energética dos veículos, por meio da tecnologia, de combustíveis limpos e carros elétricos, é um caminho. Porém, não resolve inteiramente o problema: precisamos de deslocamentos mais inteligentes e eficientes. Essas duas coisas têm de estar atreladas para conseguirmos atingir nossos objetivos.
Trabalhei na construção do Plano de Mobilidade de Campinas. Ainda há uma resistência, por parte do governo e das secretarias, mas também já tivemos uma conquista considerável: trazer uma frota de ônibus elétricos para a cidade. Principalmente na área central, isso foi muito importante. É uma forma de reduzir as emissões. Esse é um dos caminhos pelos quais o município já pode incorporar esses conceitos, por meio da frota municipal de transporte coletivo.
Minicurso 2 - Desenvolvimento Urbano Orientado ao Transporte Sustentável - 25 de abril
Célio Stoltz, Diretor Técnico do IPUF
De todas as discussões, quais os principais aprendizados que você leva?
É importante aprender com a realidade de outros municípios e se atualizar em novos instrumentos e práticas sendo implementadas tanto em outras áreas do Brasil como no mundo . É isso que o WRI Brasil e outras instituições fazem indo atrás de inovações, políticas, práticas e projetos que podem ser implementadas pelos municípios brasileiros. Além disso a troca de experiências nas conversas nos permite aprender com outras cidades para evitar equívocos no futuro.
Considerando os debates, o que já poderia ser implementado pela atual gestão?
Em Florianópolis, poderíamos tirar proveito das características dos estudos avançados que já existem em relação a DOTS (Desenvolvimento Orientado ao Transporte Sustentável) e a ligação deles com os corredores de transporte urbano. Hoje, está sendo feita a revisão do Plano Diretor de Florianópolis, portanto poderíamos aproveitar para já incluir algumas estratégias. Na região metropolitana de Florianópolis, o PDUI (Plano de Desenvolvimento Urbano Integrado) pode incorporar ainda mais essas estratégias porque ainda será iniciado no segundo semestre deste ano.
João Domingos Azevedo, arquiteto e urbanista do Instituto Pelópidas Silveira
De todas as discussões que a gente teve aqui no TUMI quais os principais aprendizados você leva para recife?
A questão do DOTS (Desenvolvimento Orientado ao Transporte Sustentável) é o caminho para a revolução das cidades, para que consigamos equacionar a melhoria da mobilidade e reduzir a geração de gases do efeito estufa para uma perspectiva de sobrevivência do planeta. As cidades têm um papel importantíssimo nesse processo com a questão da necessidade de integração do uso do solo. A partir dessa mescla a gente consegue encontrar formas de financiamento, seja através de outorga onerosa ou CEPACS ou de outros instrumentos. O mais importante é perseguirmos esse caminho do Desenvolvimento Orientado ao Transporte Sustentável.
Dessas soluções que debatemos hoje o que você acha que já pode ser implementado pela atual gestão?
A gente já vem de uma série de conversas com WRI. Principalmente, sobre esses instrumentos apresentados hoje. Todos estão na nossa pauta, estamos nesse momento de estruturar nossa primeira operação urbana em uma área central da cidade. Temos um projeto iniciando em maio de dinamização econômica e reestruturação urbana de seis centralidades de Recife dentro de uma perspectiva de uma visão policentrica da cidade, de desconcentração. Temos uma preocupação muito grande em relação a questão metropolitana para que essa dinâmica econômica transcenda também os limites territoriais. Estamos em um processo de conclusão da elaboração do Plano de Mobilidade e também do início da revisão do Plano Diretor. Portanto, enxergamos este como um momento de junção de todas essas ações para que possamos dar esse foco para o Desenvolvimento Orientado ao Transporte Sustentável.
Qual mensagem fica de hoje?
A mensagem é “perseverar”. Não é fácil, não é simples, mas se a gente não tiver uma visão de longo prazo, não vamos sair do canto.
Caroline Magalhães - Pesquisadora em Mobilidade Urbana - Uberlândia
Qual aprendizado você tira do curso de hoje?
É fundamental porque o curso capacita as pessoas para voltarem ao poder público, por exemplo, que é a minha maior experiência, e redistribuir todo esse conhecimento. A capacitação dos técnicos tanto das prefeituras quanto da iniciativa privada é fundamental, pois a gente está se atualizando o tempo inteiro. Um curso como esse de DOTS é muito importante porque a gente pode virar um agente multiplicador quando voltarmos para nossas casas.
Qual a principal mensagem dessa manhã de discussão?
O fundamental para mim foi a integração da mobilidade com o planejamento urbano. Senão fizermos esse trabalho de integração entre os diversos atores do ambiente urbano nós não vamos conseguir ter uma mobilidade realmente sustentável.
O que já poderia ser implementado na cidade que você mora hoje? O que falta para gente encontrar um novo caminho?
A articulação entre os diversos agentes das secretarias e esse trabalho de formiguinha da capacitação. Hoje, além desse trabalho muito bacana que vocês têm, vocês já têm muitas publicações, o vídeo lançado no curso de ontem também. Essas capacitações online dão uma possibilidade de maior divulgação para as pessoas que não tem a possibilidade de vir nos cursos locais. Portanto, as possibilidades são de crescimento. Já está acontecendo uma articulação para que as pessoas voltem a se capacitar e trabalhar com planejamento. Porque sem planejamento não tem possibilidade de você fazer uma cidade voltar a ser uma cidade para as pessoas. É fundamental o investimento no transporte público e no transporte ativo.
Minicurso 3 - Soluções para Cidades Ativas e Seguras
Natália Bomtempo Magaldi – Diretora de Ciclomobilidade na Secretaria de Mobilidade do Distrito Federal
Qual a principal mensagem dessa tarde de curso?
Eu acho que ainda temos que evoluir muito no sentido de devolver a rua para o pedestre e para o ciclista. O planejamento do início das cidades acabou sendo voltado muito para o carro. Temos de ter um novo despertar, quebrar esse paradigma de pensamento, de planejamento urbano, para que a gente possa, assim, resgatar os espaços públicos, tornar as cidades mais humanas, mais vivas. Eu acho que esses minicursos estão servindo para resgatar esse olhar com foco no pedestre e nos ciclistas para os planejadores.
Tem algo que poderia ser de implementação imediata em Brasília hoje?Acho que Brasília é bem diferente de todas as outras cidades que são tidas como modelos. Temos casos de vias urbanas com 80km/h e hoje em dia sabemos que isso é impensável. A gente tem que lutar pela redução dessas velocidades. Eu acredito que isso seja uma meta possível. Reduzir essas velocidades seria algo bem factível de ser feito, mas para isso precisamos de apoio político e da população, que muitas vezes não entende a necessidade disso.
Minicurso 4 - Cidades Transparentes, Participativas, Resilientes e Adaptadas às Mudanças Climáticas
Luis Hildebrando Ferreira Paz – Conselheiro Federal do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil pelo Tocantins
Quais aprendizados você tira para levar para a cidade?
A questão da resiliência nos mostra a importância de termos uma cidade compacta. Senão misturarmos os usos do solo e não mudarmos a concepção de cidade espraiada, vamos sofrer os impactos no futuro. Precisamos tornar as cidades mais humanas e para isso precisamos de financiamentos bem aplicados. Não podemos aplicar mais esses recursos em novas avenidas, mas em projetos humanos.
Minicurso 5 - Modelos de Negócio para Mobilidade Urbana e Gestão da Demanda de Viagens
Adyr Motta Filho - Secretário de Urbanismo e Meio Ambiente de Maricá, Rio de Janeiro
O que o senhor leva como aprendizado?
A primeira coisa foi ter um grande número de informações do nosso país, nosso continente e o resto do mundo sobre o que está acontecendo. Também, as sugestões inovadoras e, ao mesmo tempo, o mais importante foram os estudos de caso que fazem com que tenhamos noção maior e, assim, consigamos alcançar nossos pretensos projetos.
O que poderia ser implementado em Maricá hoje?
Acredito que estamos em uma situação meio suis generis, somos região metropolitana, mas ao mesmo tempo não somos. Estamos no limite da região metropolitana e temos 145 mil habitantes. Qualquer bairro da região fluminense tem maior população que Maricá. Ao mesmo tempo temos 46km de frente de mar aberto e talvez um porto venha a ser implantado e vai trazer a redenção econômica para o município, possivelmente, mas também pode trazer um inferno para o futuro. Portanto, senão tivermos as condições de planejar e coordenar alguns planos – por isso a grande importância de ver o DOTS e as propostas não apenas de planejamento, mas de aplicação.
As atividades do WRI Brasil no EMDS são apoiadas por: CIFF (Children's Investment Fund Foundation), Stephen M. Ross Philanthropies, ICS (Instituto Clima e Sociedade), Fedex Express, Arconic Foundation, BMZ (Ministério Federal de Cooperação Econômica e Desenvolvimento da Alemanha), GIZ, Citi Foundation, Centro de Excelência ALC-BRT e UNEP.